domingo, 14 de junho de 2009

UMA HISTÓRIA DE ENCANTAR


Duas mulheres, uma grande cama redonda de aluguer na suíte de uma residencial, o sol intenso de uma tarde de Verão iluminando o espaço e muito, muito desejo.
Vá lá, dá-me a tua ratinha...
Não gosto que fales assim. --- Respondi, fingida.
Numa réplica vertiginosa, ela desvairou-me.
Não gostas? Claro que gostas, minha putinha atrevida…
Fez uma pausa, olhou fundo dentro dos meus olhos e estreitou-me ao peito, dizendo:
Sabes, no século XII, era eu um Cruzado da Guerra Santa quando tu, vivendo numa casinha de telhado de colmo, te apaixonaste perdidamente por mim. Ainda me lembro do lugar.
Beijando-me demoradamente as pálpebras, cerradas de ilusão, e rodeando o meu pescoço com as mãos, Lucrécia ia recordando o nosso passado longínquo.
Parei à beira do lago, para matar a sede ao meu Ginete Andaluz, quando te avistei, tímida, a espreitar-me.
Tu eras uma pobre e linda camponesa, cujos pais tinham morrido com as febres. Quando me sentias, o cavalo galopando ao teu encontro, saías para o terreiro estremecendo de paixão. Sem pejo, entregavas-te a mim como nunca outra mulher se me entregara. Eu tomava-te o corpo e a alma, compreendes, e de corpo e alma o fazia.
Sim, naquele preciso instante eu conseguia compreendê-la.
No descanso das batalhas sonhava contigo, e acordado, ansiava a hora de ter-te novamente entre os meus fortes braços.
Eu estava deslumbrada.
Lembras-te das cantigas de amigo que cantava para ti?
Sim, lembro. --- Respondi, enfeitiçada.
Daquela última vez em que parti para Jerusalém e já não regressei, tu ficaste destroçada. Mais só e desamparada do que nunca, morreste, muitos anos depois, de amor e solidão. Jamais desejaste outro bem-querer porque, à noite, nos teus sonhos, era eu quem estava no leito ao teu lado.
Eu sei, não passo de uma pobre camponesa, apaixonada por um Cruzado.
Morri naquela guerra.
Pressentindo que a grande revelação estava prestes a dar-se, aninhei-me mais no seu colo.
Passaram-se muitos séculos desde que nos encontrámos pela última vez. Agora, que te reencontrei, levo-te comigo ao início dos tempos, por isso é que nos consumimos a fazer amor.
Alucinada, sobressaltei-me. De súbito, arrepanhando o meu sexo, ela revolveu-me as entranhas com a mão toda, o que me desencadeou instantaneamente um misterioso cântico de águas subterrâneas. Devassada por uma garra que me puxava de encontro ao seu peito forte e largo, das paredes do meu útero escorria uma seiva interminável.
Esfregando-se-me nos seios e no ventre encharcados, ela revelava-se não um “Cruzado”, mas um destemido guerreiro árabe.
Sorvendo, sôfrega, o néctar que de mim brotava, inesperadamente puxou-me pelos cabelos e levou a minha boca ao seu sexo, escancarado.
Oh! Não! Não aguento mais. Vem-te. Por favor, vem-te... senão eu morro a esvair-me.
Torturando-me, Lucrécia respondeu:
Espera. Deixa-me gozar…, eu gosto de estar dentro de ti a mugir-te, minha vaquinha. Dá leitinho, vá…, dá leitinho à mãe.
Ai que me estou a vir! Ó Deus, toma… bebe. Bebe tudo…, é tudo para ti…, tudo para ti… Han…, han…, hum…