quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Partido Pelos Animais

"A GRANDEZA DE UMA NAÇÃO PODE SER JULGADA PELO MODO QUE SEUS ANIMAIS SÃO TRATADOS"
Mahatma Gandhi

" VIRÁ O DIA EM QUE A MATANÇA DE UM ANIMAL SERÁ CONSIDERADA CRIME TANTO QUANTO O ASSASSINATO DE UM HOMEM "
Leonardo da Vinci

"QUANDO O HOMEM APRENDER A RESPEITAR ATÉ O MENOR SER DA CRIAÇÃO, SEJA ANIMAL OU VEGETAL, NINGUÉM PRECISARÁ ENSINÁ-LO A AMAR SEU SEMELHANTE "
Albert Schwweitzer ( Nobel da Paz de 1952 )

Sandra Cóias "

05/07/2009

Artigo de Miguel Esteves Cardoso no "Público":

"Silêncio selvagem"

Foram admiráveis os elogios de Paulo Rangel aos colegas-adversários do Parlamento, por revelarem que continua pertinente o conceito de elite de Pareto – ou o conceito de pandilha do povo português. Rangel é claramente um homem civilizado. O mesmo ao quadrado digo do meu grande amigo Paulo Portas, do CDS-PP.
Nada me surpreendeu mais do que saber, pelo PÚBLICO de ontem, que essa civilização nem sempre se estende à condenação dos selvagens. Falo dos selvagens que se divertem a pôr cães perigosos (que eles próprios criaram e treinaram para serem assim) a lutar contra outros cães.
Falo dos seres desumanos que põem os cães tão nervosos e agressivos que os condenam a uma existência psicótica. E que, de vez em quando, fogem do controlo dos donos, e atiram-se a quem calhar.
Por que carga de água-de-colónia, então, é que o PSD e o CDS-PP se abstiveram no diploma que criminaliza os promotores de lutas entre animais e os donos de cães perigosos que se atiram às pessoas?
Podem explicar-me o que há de tão polémico nesta lei que castiga quem organiza lutas entre animais? E que dá alguma satisfação às vítimas dos ataques destas bestas?
A nova lei é até daquelas desconcertantes que se estranha não haver já há muitos anos.
Saúde-se o deputado do PSD Mendes Bota, o único que votou a favor. Mas não chega. Fazer bonitos com abstenções é feio quando se trata de proteger pessoas e animais uns dos outros.
E venha o Partido Pelos Animais!

- Miguel Esteves Cardoso, "Público", 5.7.2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

XX

CAMA DE ALUGUER

Espraiadas numa enorme cama redonda, perto dos “Pastéis de Belém”, Lucrécia bebe um whisky e eu um vodka. Inundada pelos raios de sol, que naquela tarde passavam sem embargo através das alvas cortinas, estava a nossa alcova de ocasião. Ela poisa o copo no chão e diz.
Mostra-me a tua ratinha.
Dúctil, entreguei-lhe a minha bebida. Puxou uma almofada para debaixo do meu rabo e soergueu-me pelas nádegas. Depois, abriu as minhas pernas e expôs-me perante o seu olhar. Debruçando-se sobre o meu ventre começou a perscrutar.
Que linda ratinha. Olha, um cabelinho branco. Que giro. Queres que to tire? Não? Eu também acho, fica-te bem.
“Oh Impudicícia.”
Ora cá estão duas bochechinhas cobertas de pêlos. Vamos separá-las a ver o que acontece...
Deliciada pelo suave toque das suas mãos, eu derretia-me.
Ah ah, então é aqui se escondem as duas preguinhas de carne rosada! Parece um capuchinho, vou espreitar...
Avançando na pesquisa descobriu-me um botãozinho que pressionou, resultado, os pequenos lábios encheram-se de sangue.
Tchiii! Sentes como ficam grandes e vermelhos?
Fascinada pelo pormenor da sua descrição, peço-lhe que continue a falar.
Vês?! O capuchinho guardava um feijãozinho secreto.
Oh, sim. Conta-me tudo, quero saber!
Vamos ver mais. Uma gruta! Descobri a entrada de uma gruta! É minha, fui eu que a encontrei.
Oh…, não! Sim…, continua...
Mas que toca tão rosadinha e húmida! Entremos um nadinha a ver como se comporta.
Pára! Não! Não pares!
Vejo minúsculas bolinhas com o meu dedo espião. Ena pá, tantas bolinhas…
Humm…
Oh, como é quente! E que bem que o meu dedo desliza. Está-se a abrir, a ganhar vida, esta florzinha atrevida.
Oh, Deus!
Sondemos mais fundo...
Elástica, sinto que a minha vagina se alonga e dilata para a receber.
Uau! Tá-me a apertar, a dar beijinhos.
Doida pelos meus afectos, ela deita-se de costas e coloca-me de joelhos, as pernas abertas, a cabeça no seu peito. Profundo enlace para a rendição absoluta.
Brrachh, scrrachh, sprrachh. --- Não consigo conter o canto.
Pressionando o mais fundo lugar, o meu ponto sacro, Lucrécia faz jorrar das paredes do meu útero um néctar divino, o “amrita”. Febril, me contorço e, para não gritar, enfio a boca nos seus seios mas é inútil, já não me pertenço.
Ela retira-se.
“Uf! Estou a respirar.”
“Não pode ser, está a invadir-me de novo e desta vez com a mão toda, sinto-o.” --- Impossível reter um grito de dor --- A vagina retrai-se de dentro para fora, o útero eleva-se... O que sinto transmutou-se. Já não é dor... Estou banhada em águas subterrâneas que não param de jorrar das profundezas do meu sexo.
Numa ânsia tresloucada de lhe dar todo o prazer, parto em busca do seu segredo e, sob a leve pressão dos meus dedos, a sua clitóride endurece. Ela pega na minha mão, aliciando-me os dedos, ansiosa de que também eu me introduza.
Deslizante, deslizo para o interior de um vaso repleto de sémen que me engole viva. Oiço um longo gemido de satisfação. Só posso responder de uma forma possível, penetrar mais fundo. No mais recôndito lugar descubro dois montinhos, divididos por um vale, que docemente acaricio. Sem que o pressentisse, esse foi o convite para que ela investisse ainda com mais vigor dentro de mim.
Ordenhando-me como a uma vaca, no seu pasto favorito, todo o meu corpo, sacudido por águas diluvianas, estremece violentamente. Insolente, ela faz-me doer mas a minha boca, enlouquecida, continua a dilatar-se. Exausta, incapaz de fugir, imobilizo-me. Ela mexe, remexe e passeia-se num bosque às primeiras horas da manhã, quando o sol ainda está manso, em busca de improváveis espaços.
Enquanto quase me deixo matar, a minha amante deleita-se.
Impossibilitada de suportar por mais tempo as suas investidas sem me dissolver, imploro-lhe que se venha.
Vá lá, dá-me o teu leitinho…, o que sara as minhas feridas.
Fica quietinha dentro de mim. Quero aproveitar ao máximo o prazer que me dás. Está quase. --- Consola-me.
Passa uma eternidade em que desespero mas, eis que surgem as tais bolinhas. Vejo-as com as pontas dos meus martirizados dedinhos. É “Nephentes” que se contrai e me aperta, afrouxa, torna a contrair-se, esmaga-me as falanges… Por fim, libertando um só e duradouro grito de êxtase, Lucrécia pega-me pelo pulso e retira-me de dentro de si.
Tomada por um frenesi de fazer inveja ao demo, sou revolvida e colocada a seu jeito, na posição mais humilhante que conheço. Assim, de rabo espetado no ar, os olhos fechados, incapaz de pensar, vejo-a extrair do seu âmago um favo de mel, com o qual me irriga, sarando as minhas chagas. De súbito, a partir do clítoris, uma descarga se propaga em vagas de rítmicos espasmos e todos os músculos do meu corpo se retesam em numerosos estremeções. Instante insuportável que não pode perdurar. São pequenas explosões, sucedendo-se umas às outras, assombrosas, que me atravessam em todos os sentidos. Lucrécia apanha o meu ouvido com a sua boca molhada e diz-me que quase lhe parto os dedos.
Vou explodir em lava ardente nos confins do além-mundo e, como uma cabrita a copular no alto de um penhasco, desfaço-me em puro gozo. Descompassado, sob a pele em chamas, bate um coração em dificuldades e a língua enrola-se-me na boca. Sei que estive à beira da morte.
Decorrem minutos incalculáveis durante os quais nos mantemos quedas, os braços e as pernas entrelaçados, sob o sol de Inverno que brilha lá fora.
Lentamente, deixamos a bolha de ar quente que nos envolve e, é com pele de galinha que regressamos então à terra. Cobrimo-nos com o edredon, dispostas a repousar mas, o animal continua à espreita, consumindo-nos a carne como se estivéssemos a ser trespassadas por agulhas.